sexta-feira, 23 de novembro de 2007

(em)quadrinhar...

sexta feira.



hoje asssiti um pouco de REN & STIMPY... as 2 primeiras temporadas.



li uns quadrinhos mensais como sempre.



li algumas edições únicas.



inclusive, li FUN HOME de Alison Bechdel.



se tem uma coisa que sempre gostei, foram de quadrinhos autobiográficos.



desde GILBERT SHELTON, JOE SACCO, ROBERT CRUMB, CHESTER BROWN, LOURENÇO MUTARELLI, ALLAN SIEBER, entre outros... sempre fui fascinado com esse meio de expressão.



é como se a pessoa conseguisse pegar o que é sua paixão e alegria acrescesse ao seu meio de vida e sustento para comunicar à massa suas particularidades, suas experiências, anseios e medos.



uma certa liberdade que é dada, pelo anonimato provisório do papel (em alguns casos, até mesmo uma heteronimiazinha por ali e aqui...), permite o distanciamento afetivo ás vezes necessário e indicado, mas simultaneamente confortável o suficiente para abrigar os leitores.



não sei se é comigo, amante irrefreável dessa forma de arte, mas mesmo sem partilhar muitas vez de experiências similares, sou acometido de considerável grau de cumplicidade e familiaridade, envolto em uma sensação semelhante às minhas prórpias memórias.



talvez seja a fusão desenhho-escrita, talvez seja a dinâmica empregada nesse recurso, talvez seja a preticidade e consumo rápido da obra... mas creio ser de uma veracidade, de uma comoção assustadora. veementemente poderosa.



na história em questão, a autora, homossexual assumida, relata passagens de sua vida, da infância à vida adulta jovem, tendo como pontos sua sexualidade, seu pai e a sexualidade dele. desenhos simultaneamente eucidativos e rápidos; linha cartunesca, mas anatômica; com cenários e ambientes muto bem inseridos entre os personagens.


sim, é mister o esclarecimento que a homossexualidade de sua pai, ainda que muitas vezes experimental, configura como uma das forças motrizes da história.



dentro deste universo, engedrado em uma pitórica e burlesca cidade do interior (mesmo, interior `redneck`)... a autora cresceu.



neste ambiente apresentasse a linhagem Bechdel, agentes funerários e literatos, escritores e decoradores, atores e bon-vivants... numa ciranda destrutiva de um ciclo familiar, com uma mãe cúmplice e alicerceadora, um pai rigído e encimesmado, e um dos filhos, a autora, que descreve sua jornada de sexualidade.



a descoberta sexual da filha, imediatamente seguida pela descoberta do passado de seu pai, seria algo irrisório atualmente, não fosse temperado da boa e velha culpa dos rigores sociais, acrescido da tragicomédica do acidente (?) mortal de seu pai.



entre indas e vindas, é uma história bem escrita, bem referenciada (tanto pelos prêmios literários e quadrinísticos internacionais, quanto pelo aguardo no mercado nacional.). possui bons pontos narrativos e descritivos, além de referências, sejam veladas ou abertas, à ícones da Literatura, como Proust, Joyce, Wilde, Literatura Grega e Literatura Reacionária homossexual.



independente da orientação sexual, vale como uma boa experiência, literária, quadrinística ou ambas.



ah! reli também o trabalho de Fábio Zimbres e da banda Mechanics... absurda fusão quadrinhos-música... podem ser aproveitados independentemente... mas sincronicamente... se multiplicam...



e tenho dito...



... excelsior!!!

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