sexta-feira, 4 de setembro de 2009

percepção!!!

TOMO PRIMEIRO

era uma vez, um homem que realizou e fez tudo em seu poder, alcance e desejo...

era virtuoso e invejável, de feitos e condutas admiráveis...
era vistoso e eloquente, de vigor e alcance invejáveis...
conciliava tudo... deveres, obrigações, responsabilidades, lazeres, gostos, crescimento, entes queridos...

mas, seguindo inabalável, não conseguia desafios...

mas não era probelma, pois a vida não era enfadonha...
não era cansativa...
não era repetitiva...
era apenas o colher dos louros...

se a busca por desafios e obstáculos o trilhou, ou se os seus caminhos só eram escolhidos pela satisfação ou comodidade, é difícil precisar...

o fato era: a felicidade era sua cercania...
seus limites eram o mundo alheio e suas imperfeições...
e estes o animavam, e não o tolhiam...

TOMO SEGUNDO

certo dia, esse homem encarou um desafiou que o derrubou vertiginosamente...

desta derrocada, surgiu dos escombros, um ser alquebrado, frágil, medroso e inseguro...

para os demais, uma armadura brandia resistência e força, mas o ser sabia da falha na estrutura, do calcanhar de aquiles...
insidiosamente, o ser foi definhando, deixando de ser um homem e ser quase uma fera...
dentro de sua microsfera, fez o possível para esconder a falha e o fracasso, inclusive galgando uma insólita vitória...

ledo engano...

em seu âmago, o ser sabia da vergonha, da falha e da reprovação da derrota...
apesar dos sorrisos e apoios vazios quanto à revanche de desfecho risonhamento patético de pseudocompensação, ele sabia...

sabia que a força e determinação que o acompanhavam estavam exauridas, que nunca poderia ser grande como antes...
seu apogeu, sua hegemonia haviam passado... restaram apenas o declínio e falência...

torpe e cambaleante, ele subsistia...

dia a dia, existia, não mais viva, dentro da total "vitória" com a qual enganava a todos, mas seu sabor era acre, nauseante...

o preço a pagar pela humilhação era simplesmente sua humanidade...

ensandecido, percebeu que abrira mão de tudo... companheiros, família, amores, tudo...
na ânsia da conquita, o homem que nunca havia perdido, apostou seu universo...
e na derrota, não era mais nada...

crescer, agora???
voltar, agora???
vencer, agora???

como???
se não é mais homem...

como???
se o engodo fora descoberto...

como???
se a máscara se fragmentou...

pois nunca fora homem...
...sempre fora a besta que cria ser homem...

TOMO TERCEIRO

e se afinal, era como os outros, por que era ilimitado...
por que não fora avisado da frustração
por que não fora alertado da limitação

será que todos não o eram???
será que não haveriam todos passado isso???

os menos virtuosos, mais cedo...
os mais vigorosos, mais cedo...

que todos teriam sua hora e sua vez, inadvertidamente???
que todos teriam seus grilhões, fatalmente???
que ninguém pode ver, mas, sim, sentir esse momento???

então, por que a besta permanecia amuada???
de onde vinha a força e vontade que a acompanharam no traje de homem???
frágil era a ilusão, a ponto de ser alicerçada apenas na ignorância da limitação???
era algo que a atormentava, paulatina mas progressivamente a besta???

nunca foi grande??? nunca foi especial??? fora sempre uma besta, como todas as bestas que o cercaram...

TOMO QUARTO

eis que aí deveria revelar-se o brio da besta...
de sua consciência da falha, o renascer da força...
da sua noção da derrota, a energia da batalha...

mas não...
a besta é besta, e não homem...
a armadura de homem já não mais serve, já não mais esconde...

lhe é desconfortável, lhe é desproporcinada...
se fosse um homem talvez fosse além...
mas sendo besta, continuava aquém...

e nessa dúvida, nessa tolice, não percebia outras perdas...

amigos, familia, amores, conquistas, vida...

a pseudovitória, o êngodo, lhe preenchiam...
não eram vida, não eram bons, não eram agradáveis...

mas preenchiam, completavam, abastavam...

e na ignorância, escoavam as alegrias e felicidades da besta...

tolamente, sem desprender do êngodo, tentava represar o fluxo evasivo de vida de sua vida...
não sabia, que ganhar predispõe ceder, que continuar predipõe aprender, que ser feliz predispõe sofrer...

não se pode conciliar ou abarcar tudo...
escolhas devem ser feitas e pesadas, ser realizadas e estudadas...

pois não é homem, é besta... e sendo besta, não abraça tudo...
mas como fazer??? como ser??? como existir???

TOMO QUINTO

amigos, familia, amores, auto-estima...
tudo foi...
e a solidão instaurou-se...
a força e a esperança são hálitos quentes no frio da realidade, quanto mais longe, mais dissipando-se...

fica a ilusão, de controle, de êngodo, de ter, de ser...

e perde-se
tudo
coisa
a
coisa
o que importe
o que é raro
o que define

o que é

TOMO SEXTO

e segue a besta, farrapo de homem...
em busca do perdido, do escoado...

será que terá???
será que aprendeu???
será???
homem ou besta???

3 comentários:

JUJU Z disse...

GOSTEI!!!!!!!!!!!!
PERFEITO !!!!!!!!!!

Juliana disse...

será que terá?
será que aprendeu?
...

será que quer ter?
será que quer aprender?
será que quer ser?
...

Catharina Mungioli disse...

É necessário... Apenas os sábios tem essa percepção...